JOSÉ FREITAS, amigo da Natureza, fotógrafo que muito tem contribuído para o conhecimento e valorização do rio Tejo, deu o alerta no facebook. Publicou uma foto, significativa, que se reproduz abaixo,
e, e em resumo disse:
É aqui, junto a este
mouchão em que nidificam quase todas as espécies de garças existentes em
Portugal e o único sítio de Portugal onde nidifica a Íbis
negra, que se irão realizar provas do campeonato nacional de motonáutica a 20 e
21 de Junho, em plena época de nidificação.
O Município de Salvaterra de Magos apoia a prova.
Incompreensivelmente o mesmo Município que ignora a existência da ilha ou que
não faz nada para a proteger. Apoia com o argumento básico de que os visitantes
vão consumir e deixar dinheiro no concelho.
A lei proíbe e pune a perturbação de ninhos de
espécies protegidas. É o caso. Estamos portanto perante uma ilegalidade
evidente.
O mais caricato é que o concelho lucraria muito
mais se promovessem a importância ecológica do Escaroupim, não durante dois
dias assassinos para as aves, mas durante todo o ano, para os amantes da
fotografia e observação de aves.
Em consequência, publicada a foto e desencadeada uma onda de denúncia e de exigência de adiamento da prova, ao fim de alguns dias a SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, a prova foi adiada, sendo transferida para data em que os prejuízos para as aves, tão claramente invocados, já não se verificam.
Em nosso entender, é de saudar o acontecimento, que é uma vitória da cidadania activa - foi adiada a prova de
motonáutica - graças à denúncia e mobilização pública
que a questão congregou. Graças a José Freitas e a todos os que tomaram também
o assunto em mãos, mobilizando-se através do facebook e não só.
Conclusões, que podemos enunciar, pela nossa parte:
- O alerta feito em tempo oportuno pelo Jose Freitas e o modo como aconteceu e evoluiu foi determinante;
- Houve uma correspondência muito activa e consequente a esse alerta, que é de saudar;
- Só houve esta marcha atrás devido ao facto de ter havido denúncia, mobilização e se ter admitido que, se não fossem tomadas medidas, a acção não parava;
- É bem evidente que uma das entidades que devia ter sido ouvida - a SPEA - só o foi depois, face ao desencadeamento da acção de cidadania;
- Se a Câmara Municipal de Salvaterra e a organização da prova tivessem em conta as consequências para as aves, nesta fase de nidificação, então a 1ª organização a ser ouvida era a SPEA;
- A Câmara Municipal de Salvaterra não tem conhecimento desses pormenores (fundamentais) de que as aves referidas nidificam nesta altura e, se tem, não pensou primeiro nisso, mas em autorizar a realização da prova.
Atenção: é muito provável que, mais uma vez, venha
ao de cima, aquela lamentação de que "os ecologistas são uns
empatas". Porém, a verdade é que houve muito mais do que isso. Houve
mobilização de cidadania contra algo impensável e que, por isso, a própria SPEA
- Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves, mais não fez do que o óbvio. Não
o fazer era colaborar com quem não queria proteger a Natureza, antes pelo
contrário.
O mouchão onde nidificam quase todas as espécies de garças existentes em Portugal e o único sítio de Portugal onde nidifica a Íbis negra merece de nós, mais, exige de nós, toda a protecção.
Este triste episódio, que só não teve graves consequências devido à denúncia e mobilização de cidadania que se conseguiu, deve ser um ponto de partida para que não esqueçamos isso, para que exijamos uma mudança radical nas práticas agressivas contra a natureza naquele local. O Movimento Ecologista do Vale de Santarém, organização que se inclui na bacia hidrográfica do rio Tejo, trabalhará com outros nesse sentido.
A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de
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