2017/12/30

Movimento Ecologista do Vale de Santarém em solidariedade com Arlindo Consolado Marques, activista ambiental alvo de assédio pela CELTEJO

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém repudia o assédio que está a sofrer Arlindo Consolado Marques, destacado activista na luta contra a poluição na bacia do rio Tejo, membro do proTEJO e seu secretário da mesa do Conselho Deliberativo, assédio praticado pela CELTEJO - Empresa de Celulose do Tejo, S.A., pertencente ao Grupo ALTRI, que se queixa de ofensas à sua credibilidade e bom nome, reclamando por isso o pagamento de uma indemnização de 250 mil euros. 

Arlindo Marques, entre muitos outros cidadãos da região, vem denunciado há anos a CELTEJO, pelas práticas que para todos são evidentes, de contaminação do rio Tejo, intervindo no domínio da defesa da preservação da Natureza, acção que de todos os cidadãos é esperada e desejada, para bem do nosso presente e futuro comum. 

Como tem sido largamente apresentado, existem fortes suspeitas de que a CELTEJO e outras indústrias papeleiras são responsáveis pelos graves episódios de poluição no rio Tejo português, que o Arlindo Marques repetidamente tem denunciado. Mas não tem sido somente Arlindo Marques a falar nestes termos: numerosas figuras públicas e também a Agência Portuguesa do Ambiente o têm feito.

Esta acção vergonhosa contra Arlindo Marques é contra todas as organizações e pessoas que, sem qualquer outro interesse que não o da defesa e preservação de UM TEJO VIVO, SEM POLUIÇÃO, ao nível de Portugal e Espanha, se batem para que o Tejo e seus afluentes não continuem a ser usados, como temos visto, como canos de esgoto de diversas indústrias e outras agressões ao longo da bacia hidrográfica, e no qual a indústria da pasta para papel é tida como garantindo uma grande quota-parte dessa nefasta acção, em Portugal.

Os cidadãos que em Espanha e Portugal se preocupam, crescentemente, com o estado de morte a que estão a chegar os rios desta bacia hidrográfica, não defendem o encerramento de tais indústrias, mas sim que, existindo, funcionem com respeito pelas normas ambientais, ou seja, sem destruírem a Natureza, sem poluírem as águas, sem matarem os peixes e tudo em redor.

Não se trata de algo criminoso o que Arlindo Consolado Marques e muitos outros milhares de cidadãos têm defendido publicamente, antes pelo contrário – a defesa da Natureza, a denúncia das situações de poluição dos rios, dos solos e do ar é um direito e um dever de qualquer cidadão, contra a destruição do meio ambiente em que vivemos, e é mesmo um direito constitucional.

Estranhamos, não compreendemos e não aceitamos que as autoridades da Tutela demorem a intervir, como é seu dever, no ataque a esta situação. Não só a Agência Portuguesa para o Ambiente - como outras instâncias do poder com intervenção neste domínio - têm conhecimento concreto da situação, há muito. Inclusive, o próprio Ministro do Ambiente está informado sobre o que se passa. 

A reiterada ausência de medidas, que, em concreto, fecha os olhos à situação de poluição que tem vindo a acontecer, há anos, acaba por autorizar as empresas poluidoras a permanecerem nas suas práticas criminosas, permitindo até, como é agora o caso da CELTEJO, avançar com a acção de assédio sobre um cidadão que tem cumprido, ele sim, como outros, o seu papel consciente e activo de defensor da saúde e equilíbrio ambiental, na região.

Arlindo Consolado Marques é um cidadão exemplar, cuja acção corajosa e altamente meritória se tem centrado nesse objectivo de denunciar a poluição evidente, confirmada, do rio Tejo e não pode, por uma actividade que é valiosa, indispensável e louvável, vir a sofrer a perseguição seja de quem for, devido ao desempenho de cidadania, constitucional, que muito bem exerce e a que tem direito, pela defesa do bem comum da zona ribeirinha do rio Tejo, onde também vive.

Pelo contrário, a CELTEJO, ao fazer de bode expiatório o cidadão Arlindo Marques, ao mesmo tempo que não interpôs acções judiciais contra políticos, deputados e outras figuras públicas que também denunciaram a sua acção poluidora, demonstra ser uma organização sem princípios humanistas e sem honestidade em termos de cidadania empresarial, para com a comunidade onde se insere e para com o País, procurando iludir, na identificação de um só cidadão, a afirmada e continuada denúncia de práticas de poluição que têm sido referenciadas por muitos e diversos actores, a muitos níveis.

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém solidariza-se com Arlindo Consolado Marques e, a par com outras organizações e pessoas, compromete-se a tomar todas as diligências possíveis para que não seja condenado por exercer a sua cidadania e para que a acção interposta pela Celtejo seja, antes, uma oportunidade para esclarecer as responsabilidades pela poluição do rio Tejo. 

Estamos contigo, firmemente, companheiro ARLINDO CONSOLADO MARQUES. Enaltecemos o teu valoroso exemplo. Estamos ao teu lado e continuamos a lutar pelas causas que nos são comuns, de defesa da preservação do Tejo e seus afluentes, contra o crime da poluição que, há décadas, e sobretudo nos últimos anos, vem destruindo a vida na nossa bacia hidrográfica, e onde a CELTEJO é referida, sistematicamente, como uma das principais responsáveis.

SOMOS TODOS ARLINDO MARQUES!!!

Pelo Movimento Ecologista do Vale de Santarém

A Coordenação.

30 Dez 2017

2017/12/19

Roundup e Glifosato - um enorme perigo para a saúde pública, que pode provocar o cancro.




"Portugal é o país europeu que mais usa herbicida que pode provocar cancro", segundo foi publicado pela TSF, que diz:


Estudos detetam elevados níveis de glifosato no solo e na urina dos portugueses. Associações ambientalistas e agrícolas pedem posição clara do governo em votação europeia.

No mesmo artigo, que copiamos, diz-se:

Onze associações ambientalistas e agrícolas portuguesas exigem ao governo que se junte esta quinta-feira aos países que vão votar contra a proposta da Comissão Europeia para prolongar por cinco anos a licença de utilização do glifosato, um herbicida classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como provável causador de cancro nos humanos.
O apelo é assinado por organizações como a Quercus, Confederação Nacional da Agricultura ou Liga para a Proteção da Natureza juntas na Plataforma Transgénicos Fora, mas o Ministério da Agricultura, contactado pela TSF, opta por guardar o anúncio da posição portuguesa apenas para o momento da votação, depois de no passado se ter abstido numa votação semelhante.
Se não for alargada, a licença de uso do glifosato na Europa acaba a 15 de dezembro.
Indicadores preocupantes
Entre os vários argumentos apresentados, os ambientalistas dizem que Portugal é o país europeu onde mais se usa o glifosato e apresentam um estudo acabado de publicar por uma equipa internacional de investigadores na revista académica "Science of the Total Environment" que encontrou níveis elevadíssimos de glifosato nas amostras recolhidas em solos agrícolas portugueses, nomeadamente em vinhas da zona Centro na Bairrada.
A TSF falou com uma das portuguesas envolvidas neste estudo, Vera Silva, investigadora na universidade holandesa Wageningen, que confirma que os resultados das 17 amostras recolhidas em solo nacional são um indicador preocupante: 53% tinham o herbicida, muito mais que o segundo país mais contaminado (30% em França), tendo também as maiores quantidades de glifosato no solo

Apesar de não representar o todo dos solos portugueses, Vera Silva argumenta que estes dados nacionais, nunca antes avaliados, são um indicador do que pode estar a acontecer noutras zonas do país, numa opinião partilhada pelas 11 associações da Plataforma Transgénicos Fora.
Glifosato na urina
Em nome da Plataforma Transgénicos Fora, a ambientalista Margarida Silva lamenta a falta de estudos oficiais do Estado sobre o glifosato em Portugal e defende que os dados do trabalho recente sobre os solos "estão alinhados com os valores conhecidos de contaminação humana", sublinhando que em 2016 um levantamento que fizeram mostrou níveis inesperadamente elevados deste herbicida na urina de todos os voluntários testados, com os portugueses a apresentaram, em média, vinte vezes mais glifosato que os alemães.
As associações defendem que "enquanto o Ministério da Agricultura não souber explicar como é que Portugal ficou tão contaminado por glifosato e não implementar medidas que reduzam drasticamente este problema, é impensável permitir que a utilização generalizada na agricultura, nas ruas e até para fins domésticos possa continuar", recordando que a OMS já provou que o glifosato causa cancro em animais de laboratório.
Recorde-se que, apesar da posição destas associações ambientalistas e agrícolas, o uso de glifosato está proibido em locais públicos desde o início do ano em Portugal, numa medida promovida pelo atual governo.
Entretanto, na RTP 1, em 18 Dez. 2017, passou um programa sobre o ROUNDUP. Um programa que muito diz acerca da utilização deste herbicida em várias regiões do Mundo, e das trágicas consequências da sua utilização.
Infelizmente, pela UNIÃO EUROPEIA, foi aprovada, em Novembro de 2017por mais cinco anos,  a licença de uso do ROUNDUP no espaço comunitário. 
Associações ambientalistas querem agora levar a cabo acções legais contra as entidades envolvidas, nomeadamente contra a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e o Instituto Federal Alemão para a Avaliação de Riscos (BfR).
A organização austríaca Global 2000 e a Rede de Acção contra os Pesticidas (PAN, na sigla em inglês), de cariz internacional, disseram que há reclamações legais em Viena e Berlim e que vão seguir-se processos legais em França e Itália. Não é claro quanto tempo demorará para que os processos tenham seguimento, em particular porque um dos órgãos em causa é pan-europeu e o outro é nacional, o que significa que poderão passar por diferentes tribunais.
Uma coisa é certa: as consequências drásticas do ROUNDUP estão provadas. Cabe aos cidadãos e aos seus governantes lutar contra esta terrível situação.
A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém

2017/10/28

19 participantes na caminhada de 21 Outubro

Foi com 19 participantes que realizámos a nossa caminhada do passado dia 21 de Outubro. Esperávamos e desejávamos mais, mas aqueles que estiveram presentes manifestaram satisfação por lhes termos facultado a oportunidade de conhecerem mais caminhos à volta da nossa vila.

A caminhada teve início pouco depois das 9H00, e terminou por volta das 11H30.

Desta vez, realce para a passagem pela Estação Zootécnica Nacional, na Quinta da Fonte Boa, instituição e espaço com grande história para a população do Vale de Santarém e da Póvoa da Isenta, principalmente, além de ser uma referência também para Santarém e o Ribatejo em geral.

Enfim, atravessando uma fase longa e complexa da sua vida, esta instituição apresenta agora quase nada desse passado, ainda assim foi com interesse que por ali passámos, salientando-se aspectos da Natureza que são sempre notáveis, e isso aconteceu em particular na zona da Topinha. 

O vídeo que fizemos mostra o essencial da caminhada. Pode ser visto clicando em


Obviamente, vamos continuar a oferecer as nossas caminhadas, e oportunamente daremos informação sobre a próxima.

Saudações ecologistas,

A Coordenação


2017/10/10

Dia 21 Outubro - Nova Caminhada, à volta do Vale de Santarém

Assim vai ser. Cumprindo o nosso plano de actividades anual, vai decorrer a caminhada de Outubro, com a qual vamos dar a conhecer novos caminhos à volta do Vale de Santarém.

Desta vez, após a concentração e saída no Jardim Público, vamos caminhar pela "encosta da EPAL", seguindo até à estrada para a Póvoa da Isenta, flectindo depois para a Fonte Boa, com passagem pela Topinha. Chegando às instalações centrais da EZN, desceremos depois para o Vale, regressando ao Jardim.

São cerca de 7km, para fazer em duas horas, ou um pouco mais, dado que haverá, como de costume, participantes de todas as idades.

Desta vez não vamos poder patrocinar o almoço - voltaremos a esta nossa prática na caminhada do próximo 25 de Abril.

Além do exercício físico, proporcionamos a todos um salutar convívio, além do conhecimento de mais zonas da envolvente da nossa terra, que proporcionam vistas agradáveis. E, muito importante, também investimos no contacto com a Natureza (árvores, ervas, pássaros, solo, ar puro - assim queremos acreditar) e a observação de espaços que, pelo contrário, revelem agressões ambientais.

As inscrições estão abertas - ver cartaz abaixo.

Gostaríamos de voltar a ter o número de 80 participantes da última caminhada, ou ainda superior.

Venha caminhar. Venha conviver.

A Coordenação

Alfredo Lobato-Carlos Vieira-Carlos Jorge Calheiros-Francisco Ferreira-Manuel João Sá-Pedro Adriano-Virgílio Pereira.





2017/10/08

A Junta de Freguesia do Vale de Santarém reconhece a actividade do Movimento Ecologista do Vale de Santarém

No dia 9 de Set 2017, a Junta de Freguesia do Vale de Santarém realizou uma sessão para a qual nos convidou, com o fim do reconhecimento da nossa actividade pela participação na melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento do Vale de Santarém. Além de nós, outras organizações e pessoas do Vale de Santarém foram convidadas. Não nos tendo sido possível estar presentes, enviámos ao Presidente da Junta o seguinte:

Senhor Presidente da Junta de Freguesia do Vale de Santarém,

Tendo anunciado a nossa presença na sessão solene marcada para o dia 9 de Set. 2017, e não tendo podido concretizar essa participação, damos conhecimento do que estava previsto ser por nós comunicado - o que, na íntegra, se diz em seguida:

Saudamos o senhor Presidente e outros membros da Junta e da Mesa da Assembleia de Freguesia presentes.

Saudamos os membros das forças políticas representadas.

Saudamos os membros dos corpos gerentes das colectividades do Vale de Santarém, outras entidades e outros cidadãos presentes.

Agradecemos o Convite que nos foi apresentado pelo Presidente da Junta, para a Sessão Solene, pelos objectivos no mesmo Convite mencionados.

Como jovem associação do Vale de Santarém, fundada em 2013, intervimos no domínio da defesa e preservação do meio ambiente, e estamos desde a primeira hora a procurar contribuir para os objectivos que levaram a Junta de Freguesia a realizar esta sessão solene e a destacar quem, nestes domínios, é merecedor de relevo, e também as outras associações, cada uma nos seus domínios específicos, há muitos anos contribui nesse sentido, do desenvolvimento do Vale de Santarém.

Agradecemos o reconhecimento público, pela Junta de Freguesia, do nosso trabalho, que é dirigido a toda a população da vila, e que é realizado de forma independente, sem vínculos partidários ou confessionais de qualquer natureza, mas respeitando todas as pessoas, opções, instituições e organizações, contribuindo para o bem comum, no âmbito da Freguesia.

A nossa acção dirige-se à defesa da vida e da Natureza, contra a poluição da água, dos solos e do ar, e as nossas acções concretas são nesse sentido, na área geográfica do Vale e da bacia hidrográfica do Tejo, onde se inserem o rio Maior e o nosso ribeiro, que atravessa a vila e desagua no rio Maior/Vala.

Para além da defesa da despoluição do Tejo, e de outros seus afluentes, a poluição do rio Maior, há dezenas de anos, é uma preocupação que devia merecer a união de todos os que têm este rio nas suas áreas geográficas: cidadãos em geral, associações, autarcas, entidades. Está-se a matar um curso de água e as suas margens, quando se poderia tirar partido de tudo, mas com procedimentos adequados: haver suinicultoras, fábricas e esgotos urbanos, mas com preservação do ambiente; haver ao mesmo tempo a fruição do curso de água, para pesca, navegação, lazer, com uma ciclovia nas suas margens e uma beneficiação dos espaços naturais em sua volta.

O Pinheiro das Areias, acidentado desde 2016, e já antes objecto de preocupações que não foram atendidas - por exemplo, a moção aprovada, exactamente pela assembleia de freguesia do Vale, apesar das promessas da Câmara e outras entidades, não teve qualquer consequência, foi completamente esquecida - o pinheiro continua sem ter a atenção devida, por quem o devia fazer.

Por isso, o Movimento entregou há uns meses um dossiê sobre o pinheiro, ao presidente do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, o qual aceitou as questões colocadas, e fez um despacho dirigido à C. M. Santarém, à Junta de Freguesia e ao Proprietário, com o que entende dever ser feito, também com a intervenção do próprio ICNF. Aguardamos, portanto. Nós dizemos: se uma pessoa não deve ser abandonada, sem ter quem lhe acuda em tempo de doença, também o nosso pinheiro, ou qualquer ser vivo, tem de ter o mesmo tratamento, enquanto houver vida. Ainda para mais, embora em propriedade privada, o pinheiro é um símbolo da Natureza, um símbolo do Vale, há muitas gerações - faz parte da nossa cultura, da nossa paisagem, das nossas memórias, da nossa história. Se nada fizermos por ele, mesmo agora, apesar de doente, damos um mau sinal da nossa própria comunidade e não honramos o nosso passado.

O Movimento tem insistido, desde a sua criação, na educação e formação ambiental, investindo na relação com as escolas, o que nem sempre tem sido fácil de conseguir. Para além das acções já realizadas nestes tão breves quatro anos da nossa existência, com a escola do Vale e com o CES-Fonte Boa, gostaríamos de manter essa aposta e, de preferência, aumentá-la, como forma de ligação das crianças a este objectivo de conhecimento e respeito e protecção da Natureza, como forma de conseguir uma melhor base para a sua formação como cidadãos mais conscientes e abertos para esta dimensão da vida, que é essencial.

Há uma dificuldade que continuamos a sentir: a falta de um espaço, para sede. Oxalá que seja possível cumprir essa nossa expectativa, proximamente, tal como o actual elenco da Junta admitiu ser possível, em reunião connosco, após ter tomado posse.

Por fim, mantemos e queremos consolidar a nossa ligação, colaboração e partilha com as restantes associações da nossa terra, como contributo decisivo, para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento do nosso Vale de Santarém.

O nosso agradecimento final, à Junta de Freguesia, por esta iniciativa.

Saudações ecologistas,

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.

Vamos divulgar publicamente o que antes se diz.

Saudações ecologistas,

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.

Alfredo Lobato-Carlos Vieira-Carlos Jorge Calheiros-Francisco Ferreira-Manuel João Sá-Pedro Adriano-Virgílio Pereira.

2017/08/30

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém foi fundado há quatro anos

O MOVIMENTO ECOLOGISTA DO VALE DE SANTARÉM foi fundado em 30 de Ago 2013. Quatro anos de actividade, a procurar contribuir para a defesa da Natureza, contra a poluição das águas, dos solos, do ar, na zona do Vale de Santarém, contribuindo também, no mesmo sentido, na bacia hidrográfica do Tejo. 

Quatro anos: ainda muito pouco tempo de vida. Para continuar, na mesma missão. Isto é o que nós dizemos, porém são sempre outros (os habitantes do Vale de Santarém e zonas envolventes) que têm possibilidade de dizer se valeu a pena, até agora, a acção que temos desenvolvido e que, para nós, é uma missão de todos os dias. Aqui deixamos o link para o que dissemos, na altura da nossa fundação, sobre os nossos propósitos:

http://movecologsita.blogspot.pt/2013/12/criacao-do-movimento-ecologista-vale-de.html

Saudações ecologistas para os valesantarenos e outros amigos, assim como para todas as organizações ecologistas, em especial as da zona do rio Maior/vala de Azambuja e do rio Tejo e seus afluentes.

A Coordenação

2017/08/20

PINHEIRO DAS AREIAS - MEMORANDO APRESENTADO AO ICNF - INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E FLORESTAS

Após o acidente sofrido pelo Pinheiro das Areias, provocado pelo temporal da madrugada de 26 Fev. 2016, e apesar das promessas feitas, nenhuma medida foi tomada para recuperar, dentro do possível, e preservar a histórica árvore do Vale de Santarém. Por tais razões, o Movimento Ecologista do Vale de Santarém entregou ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, em mão, o seguinte documento.

MEMORANDO SOBRE A SITUAÇÃO

DO PINHEIRO DAS AREIAS


I - BREVE REFERÊNCIA HISTÓRICA E CULTURAL SOBRE O PINHEIRO DAS AREIAS

A população do Vale de Santarém, ao longo das épocas, foi-lhe dando o nome de “Pinheiro das Areias”, designação que lhe ficou para sempre, associada ao facto de se tratar de uma árvore de grande envergadura, que foi crescendo de modo invulgar naquele local, em solo areento, certamente de pinhal outrora e que, tendo ficado sem concorrência de outros pinheiros durante muitos anos, veio a ganhar a notoriedade pelo seu muito largo tronco de base (cerca de 8 metros, atualmente) e pela sua copa, de grande envergadura e área que ocupa.

Pela sua notável particularidade, ainda por cima situado num local elevado em relação a muitos pontos da povoação, o Pinheiro e a zona que ele ocupa foram ganhando, ao longo dos anos, um lugar destacado nos sentimentos da população da terra, vindo a ser crescentemente preferido para actos comunitários, populares, como: lugar permanente de brincadeiras de crianças, passeios de namorados, festas de casamentos e outros festejos. Também foi sendo um local preferido por grupos da etnia cigana que, chegando ao Vale de Santarém, se habituaram a encontrar ali um local seguro para as suas permanências na terra, enquanto não partiam para outros lugares. Assim, do ponto de vista social, comunitário, o pinheiro e o seu chão, passaram a ter, no povo do Vale de Santarém, um lugar especial, como elemento de identificação, na dupla asserção: o nosso pinheiro/o pinheiro do Vale.
Na verdade, o pinheiro sempre teve um dono, pois situa-se em propriedade privada e, embora sobre isso não existam dúvidas na população, ele é visto e sentido como pertença da população, obviamente só pela razão de que, devido à ligação histórica, sentimental, àquela árvore excepcional, todos acabam por dizer “o nosso pinheiro das areias”. E, é de tal modo forte, concreta, essa identificação sentimental e histórica, que, aquando da escolha dos símbolos representativos da nossa terra, para figurarem no brasão da vila, o “pinheiro das areias” foi um dos elementos escolhidos, e assim ficou consignado.

Note-se, ainda, que o pinheiro, por proposta apresentada pela Junta de Freguesia da altura, foi em 1992 classificado de “interesse público”, conforme publicado no Diário da República n.º 17, II Série de 21.05.92. Pelas observações que terão sido feitas, o pinheiro teria, então, cerca de 350 anos, embora nada de peremptório tenha sido dito a este respeito. De então para cá, consignada essa classificação formal, que implica certas consequências ao nível do acompanhamento e gestão da vida de uma árvore com tal classificação, por parte das entidades oficiais a quem tal compete, a população do Vale de Santarém, assim como o proprietário do terreno e do pinheiro em causa, passaram a ter razões suficientes para se sentirem ainda mais regozijados com tal estatuto para a sua árvore, desejando naturalmente que a classificação de que foi objecto fosse facilitadora dos cuidados de que já então necessitava.



II – A SITUAÇÃO PRECÁRIA DO PINHEIRO DAS AREIAS, AO LONGO DOS ANOS E, EM ESPECIAL, NAS ÚLTIMAS DÉCADAS.

Das informações que conseguimos obter, ressalta a de 1947, numa crónica de Augusto Oliveira d’Almeida, no jornal Correio do Ribatejo, que, no que respeita ao Pinheiro das Areias, diz o seguinte (ortografia da época):
 “Não quero terminar esta ligeira crónica, rabiscada à sombra do velho «pinheiro das areias», sem lembrar aos meus conterrâneos a conservação daquela secular árvore, que deve ser, se ainda o não foi, considerada de interesse público. A-pesar-de ter sido mutilado pelo ciclone de 1941, o velho pinheiro das areias é uma das árvores mais lindas do país, na sua espécie. Já resistiu a numerosas crises de falta de combustível e eu acho que praticaria um imperdoável acto de vandalismo quem o mandasse destruir. Até a nómada raça de ciganos condenaria um tal acto. É que aquele velho pinheiro foi sempre a pousada mais cómoda e económica que as várias tribus de ciganos encontraram na sua passagem por esta povoação. Ainda eu era «menino e moço» e já os ciganos se acoitavam sob a copa daquela frondosa árvore. Ali faziam êles as suas festas pantagruélicas, manducando a carne de algum suíno que morria por doença e cujo dono mandava enterrar nas areias mais próximas… A garotada da aldeia assistia àquelas festas com grande interesse e notava que os ciganos nunca adoeciam por ter comido carne morrinhosa… Bons tempos de outr’ora !…
Vale de Santarém, Julho de 1947
Augusto Oliveira d’ Almeida”.

Portanto, pelo menos em 1941, e por acção do ciclone ocorrido nesse ano, o “pinheiro das areias” havia sofrido uma mutilação, da qual não sabemos pormenores, ainda. Do que aconteceu antes dessa data, nada conseguimos apurar.

No entanto, pelo que a população da nossa terra veio notando posteriormente, e, sobretudo após o 25 de Abril de 1974, por acção da Junta de Freguesia, começou a ser entendido que o “pinheiro das areias” começava a evidenciar necessidades de protecção e preservação, pois as enormes pernadas, com o peso, começavam a inclinar-se para o solo e, também, com a perda de areias em seu redor, as raízes, projectando-se para longe, acabavam por ir ficando descobertas.

Perante tal situação, a Assembleia de Freguesia do Vale de Santarém veio a aprovar em 2012, por unanimidade, uma moção, que foi entregue à Câmara Municipal de Santarém, no sentido de que fossem tomadas medidas perante a situação em que se encontrava a árvore, considerada “património de elevadíssimo valor ecológico, paisagístico, cultural e histórico”.

Não tendo havido qualquer evolução depois desse acto, o Movimento Ecologista do Vale de Santarém, criado em Agosto de 2013, viria a retomar o assunto, através de diversas publicações, a que se sucedeu um abaixo-assinado e uma petição pública, em Março de 2015, que colheram, no conjunto, mais de 700 assinaturas. Estes documentos foram entregues à Junta de Freguesia do Vale de Santarém, que informou tê-los feito seguir para a Câmara Municipal e para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.



Entretanto, em Fevereiro de 2016, por acção de um vendaval, o “pinheiro das areias” veio a perder uma das suas enormes pernadas. Alertadas as autoridades, a pernada, no solo, foi cortada e retirada do local, mas nada foi feito para a preservação do pinheiro, quanto ao que restou da pernada que quebrou, a qual ficou exposta aos elementos da natureza.

Em face de tal situação, e através de contacto directo, pessoal, com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, no CNEMA – Santarém, ficámos a saber, posteriormente, que estava a ser equacionada uma intervenção, com vista à protecção da parte exposta, em data a anunciar. Mas nada foi feito nesse sentido.

III – QUE FUTURO PARA O PINHEIRO DAS AREIAS, SÍMBOLO HISTÓRICO E SENTIMANTAL DA POPULAÇÃO DO VALE DE SANTARÉM?
Em face do que antecede, e conscientes de que interpretamos o sentimento generalizado da população do Vale de Santarém sobre o assunto, e tendo ainda em conta a classificação oficial desta notável árvore, como exemplar de “interesse público”, que lhe foi atribuída, manifestamo-nos preocupados com o arrastamento de medidas concretas. Em rigor, nada foi feito, até hoje, apesar das chamadas de atenção e das posições públicas tomadas por centenas de habitantes da nossa terra, que de modo regular lamentam o abandono em que o assunto tem sido deixado, além das iniciativas da própria Junta de Freguesia.

Parece-nos que algo importa fazer, quanto antes, de modo a que o pinheiro tenha ainda alguma continuação de vida com a dignidade de símbolo da comunidade do Vale de Santarém, que lhe dedica, há muitas gerações, um carinho muito especial, pelas razões entendíveis que referimos. E, não esqueçamos: é uma árvore classificada “de interesse público”.

É nesse sentido que elaboramos este Memorando, o qual vai ser entregue a quem entendermos poder ajudar a contribuir para a sua resolução: que é necessária; que é urgente; que é de toda a justiça. Um símbolo da natureza, um referencial da nossa terra, como é o Pinheiro das Areias, não pode ser esquecido, ainda mais quando passa por dificuldades. Tem direito aos cuidados que a Lei para ele prevê; tem ainda muitos anos de vida pela frente, para continuar a ser o símbolo vivo da nossa vila, um símbolo da Natureza, que queremos preservar. Nesse sentido, aliás, temos levado até ao pinheiro as crianças de escolas da terra, assim como centenas de habitantes, participantes em caminhadas, com passagem por um dos símbolos, este ainda vivo, da nossa terra.

Por isso, agradecemos muito, desde já, o interesse que o assunto possa receber, e ficamos disponíveis para o que for entendido.
A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém
4 Maio 2017

Alfredo Lobato – Carlos Jorge Calheiros – Carlos Vieira – Francisco Ferreira – Manuel João Sá – Nuno Pisco – Pedro Adriano – Virgílio Pereira.


(Em Anexo: Fotos)
Pinheiro das Areias, antes do vendaval de 26 Fev 2016.
Vale de Santarém.

Pinheiro das Areias, após o vendaval de 26 Fev. 2016.
Vale de Santarém.


14 OUTUBRO, EM LISBOA - MANIFESTAÇÃO CONTRA POLUIÇÃO DO TEJO E SEUS AFLUENTES

14 OUTUBRO - 15 HORAS - pelas 15 horas, junto ao Ministério do Ambiente em Lisboa na Rua de “O Século”, nº 51 -1200-433 Lisboa (38.712472, -9.147583).

Continua gravíssima a situação no rio Tejo e seus afluentes. 

Poluição permanente, muito reduzidos caudais, outras malfeitorias. 

O rio Tejo é hoje um pré-cadáver. Os seus afluentes (a maioria) são esgotos a céu aberto, devido às descargas de fábricas, suinicultoras, esgotos urbanos. Uma situação vergonhosa. 

As denúncias e as evidências (confirmadas por técnicos, especialistas, cidadãos) não têm levado os governantes e as autoridades a tomarem medidas. Por isso, o proTEJO, movimento abrangente no qual nos incluímos, vai realizar nova manifestação. Será em Lisboa, dia 14 Outubro. LÁ ESTAREMOS. E apelamos a que haja grande participação - também de Lisboetas e outros, dos arredores, pois claro, que TEJO POLUÍDO É UMA DESGRAÇA PARA TODOS.

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.

1. Um dos pontos de poluição do rio Maior, afluente do Tejo.
É em S. João da Ribeira, onde a fábrica TOMATAGRO, de Julho a
Setembro, lança grande poluição no rio, há anos.

2. Um dos pontos de poluição do rio Maior, afluente do Tejo. 
É em S. João da Ribeira, onde a fábrica TOMATAGRO, de Julho a 
Setembro, lança grande poluição no rio, há anos.


2017/05/05

VAMOS LIMPAR O "RIO DA QUINTA", NO VALE DE SANTARÉM

"RIO DA QUINTA", NO VALE DE SANTARÉM. O QUE É?

No Vale de Santarém, mesmo para os mais novos, a esta pergunta todos sabem dar uma resposta. Pelo menos, sabem dizer onde fica. O chamado "rio da quinta", designação que lhe foi sendo dada pelo povo e que ficou até hoje, é o local que fica junto à antiga Quinta do Desembargador, mais conhecida por Quinta das Rebellas, e onde muitas mulheres do Vale iam lavar roupa, usando para isso, além do sabão azul e branco, ou outro, também, por vezes, o cloreto. A roupa, depois de ensaboada, esfregada e batida contra a "pedra de lavar", talvez novamente ensaboada, esfregada e batida na mesma pedra (uma pedra de calcário, normalmente "arranjada", isto é, obtida, pelo marido) ia a enxugar, ali ao pé, ou era levada para casa, em alguidares, de barro esmaltado, mais tarde de zinco, ou já de plástico, para ser estendida a secar, nos quintais. 

Ora, este local por onde passa um ribeiro, o "rio da quinta", era um dos que mais mulheres usavam, ao longo do ano, para lavarem a roupa. Não só era local para aquela função, mas acessoriamente satisfazia outra necessidade: a do contacto entre as mulheres, juntando-as em conversas da sua vida, da vida da aldeia, inclusive proporcionando o diz-se diz-se próprio do viver em comunidade. 

Este rio que atravessa o Vale de Santarém, tem sido, ao longo de gerações, uma verdadeira riqueza para a terra. Na verdade, muito, muito antes de o Vale de Santarém existir, como povoado, ainda com outros nomes ("Vale de Soeiro Tição" foi um desses nomes) já o Vale era atravessado por muitas águas, que se juntavam no que viria a ser aquilo a que nós chamamos "rio", mas que, em verdade, é um ribeiro. Nasce a oeste do Vale, atravessa toda a vila, até desaguar no rio Maior, ou vala de Azambuja, também chamada de Asseca, ou seja, o rio Maior. 

Pois o nosso rio (que em diversos locais recebe nomes próprios - rio de cima, das patas, da quinta, dos loureiros, da praça ou da eloia, da cabine, da Mari Elvira, do Lima, das Guiomares... etc.,) é um fantástico património natural, histórico e cultural da nossa terra, desde tempos remotos: para a agricultura (nas hortas e não só) para as regas, para pesca da enguia (sobretudo) para abastecimento de água, para os patos nadarem, para a lavagem da roupa, para preparar os tremoços (o sr. João dos tremoços assim fazia) para as brincadeiras das crianças, para as azenhas-moinhos de água (ali existiram nove, nove moinhos...) fazerem o seu trabalho, para as crianças nadarem, para os valesantarenos repousarem nas suas margens, ou nelas conviverem e festejarem e... provavelmente outros benefícios que dele foram extraídos, e que agora não nos ocorrem.

LIMPAR E RECUPERAR O RIO DA QUINTA: POR QUÊ E PARA QUÊ?


O Movimento Ecologista do Vale de Santarém, continuando a defender a recuperação e boa manutenção do legado natural, histórico e cultural da nossa terra, colocou no seu plano de actividades, para 2017, o início da recuperação de antigos locais onde as mulheres do Vale lavavam a roupa. Esta iniciativa, proposta à junta de Freguesia e bem acolhida, vai acontecer, no terreno, logo que a Junta tenha o equipamento (nomeadamente uma máquina apropriada) para realizar esse trabalho, que vai começar pelo lugar do "rio da quinta". Trata-se de um local emblemático, cuja situação actual é de grande degradação, onde há uma proliferação de arbustos e árvores, à mistura com lixo, que dão ao espaço um aspecto desagradável, o completo oposto do que foi.

Desta iniciativa já foi dado conhecimento no início da caminhada que realizámos no dia 25 de Abril.

E que vamos fazer? Vai ser feita a limpeza, caiada a parede, recuperado o espaço em tempos destinado à lavagem de roupa, além de outras melhorias, de modo a que ali fique um 1º exemplo, para manter e consolidar, da recuperação desses locais. Será um contributo para uma mudança de imagem, para nós e os que nos visitam, dos cuidados que gostamos de ter, como habitantes, para que o Vale de Santarém continue a ser, também nos nossos tempos, a "pátria de rouxinóis e madressilvas" que Garrett imortalizou. E, assim, mais um contributo para que o Vale de Santarém seja um local bom para viver.

QUANDO VAI ACONTECER ESTA EMPREITADA?


O trabalho, a anunciar com tempo, está dependente da obtenção das condições que a Junta de Freguesia precisa para o efeito. Em princípio, será suficiente um fim de semana, desde que o plano para o trabalho esteja devidamente esquematizado, e assim vai ser. Serão necessárias colaborações e, os que estiverem interessados em participar, serão chamados a fazer inscrição para o efeito.

Assim, aqui fica a informação, desde já sugerindo uma ampla participação neste objectivo, que, afinal, interessa a todos os valesantarenos. Oxalá assim seja, para esta 1ª vez, no "rio da quinta", mas outros locais se seguirão.

Fotos abaixo, do "rio da Quinta" - uma de há décadas, e outra mais recente.

Vale de Santarém - Local chamado de "rio da quinta", junto às ruínas da
Quinta das Rebellas, no leito do ribeiro que,nascendo a oeste do Vale,
atravessa toda a vila e vai desaguar na vala, ou rio Maior, afluente do Tejo.
Nesta foto, com algumas dezenas de anos, lavadeiras do Vale de Santarém
e de um rancho de trabalhadoras sazonais, que vieram para o Vale.
Publicação em 5 Maio 2017.

Vale de Santarém - Local chamado de "rio da quinta", junto às ruínas da
Quinta das Rebellas, no leito do ribeiro que, nascendo a oeste do Vale,
atravessa a vila e vai desaguar na vala, 
ou rio Maior, afluente do Tejo.
Esta foto é de 2015. Neste local as mulheres do Vale lavavam a roupa.
O local, que agora se vai limpar e recuperar, tem estado em degradação.
Publicação em 5 Maio 2017.







2017/04/30

Oitenta participantes na caminhada de 25 de Abril: pela saúde, pelo convívio, e também pela defesa da natureza, por novos caminhos em redor do Vale de Santarém

Foi uma caminhada muito participada, com muito bom ambiente. E também vimos o que alguns, infelizmente, continuam a fazer de mal aos outros, à nossa terra e à natureza. 

Inserida nas comemorações dos 43 anos do 25 de Abril de 1974, patrocinadas pela Junta de Freguesia do Vale de Santarém, podemos dizer que esta foi mais uma caminhada muito bem sucedida, pois, além do grande número de participantes - exactamente oitenta - estiveram pessoas de todas as idades, como os vídeos mostram, num ambiente de muita entrega e são convívio.

Saímos do jardim público pouco depois das 9 horas, e dirigimo-nos depois ao Rio das Patas, flectindo para a Rua das Paponas e continuámos até à pequena lagoa de Arbila, um local muito pouco conhecido da generalidade dos caminheiros. Foi aí que se fez o reabastecimento, sensivelmente a meio do percurso que, na totalidade, foi de pouco mais de 10 km. É, junto à lagoa de Arbila, que está um marco histórico: ali se encontram quatro freguesias: Almoster, Póvoa da Isenta, Vila Chã de Ourique e Vale de Santarém. Quem quiser, e souber lá ir, verá que, no marco, estão bem vincadas as "orientações" das quatro freguesias.

Foi aqui também, junto à lagoa, que vimos passar os participantes numa prova de atletismo dos nossos vizinhos da Póvoa da Isenta, acompanhados por alguns praticantes de BTT. Oportunidade também para vermos, mesmo na lagoa, os atentados que alguns continuam a praticar: não só descargas de materiais de obras e restos de recheio de casas, como também recipientes de produtos para tratamento de vinhos, aliás produtos tóxicos, conforme se lê nos próprios invólucros encontrados. 

Infelizmente, ao longo do resto do trajecto, surgiram outras situações deste tipo. Um mal que continua, a revelar que a educação em geral, e a educação ambiental, em particular, continuam a afectar muita gente, ainda. Isto porque, como se sabe, há formas de resolver estas situações e, se as pessoas não sabem, basta perguntarem na sua Junta de Freguesia. Atirarem para a beira das estradas, ou em qualquer carreiro, o que já não lhes interessa ter nas suas casas, é deitar para a casa de todos nós - a natureza - aquilo que, sabemos, pode ter outro destino, inclusive com algum préstimo posterior. Portanto, há que mudar tais comportamentos, começando por aqueles que são os seus autores, obviamente.

Apesar desses aspectos menos positivos do que observámos (e que são um ensinamento para todos os participantes, para o que não se deve fazer...) a caminhada prosseguiu em bom andamento, pela estrada do Bairro Falcão, na extrema com Vila Chã de Ourique, com uma segunda paragem para o sorteio que havíamos prometido. Tirados à sorte dois números, vieram a ser contempladas: Diana Amaro, uma menina, e Ana Timóteo, adulta. Cada uma recebeu uma camisola, com uma estampagem de lindos motivos do Vale de Santarém, oferta do Movimento Ecologista. Depois, foi o regresso, desde os Marecos, pela longa e conhecida descida até ao sítio do Moinho de Cima, e, dai, atravessando de novo o Rio das Patas, ao Jardim Público, onde terminámos.

A caminhada demorou um pouco mais do que o previsto. Ainda assim, com o prazer de terem participado, foram muitos os que perguntaram quando haverá outra, ao que informámos: em Outubro, com certeza, se não for antes, mas saber-se-à em devido tempo. 

Foi mais uma vez muito agradável, para nós, Movimento Ecologista, contar com tantos participantes, numa acção que deu a ver mais um pouco da envolvente da nossa terra, num dia de sol, com os campos cheios de flores e perfumes intensos desta época do ano. E foi muito positivo, também, mais uma vez, contarmos com a presença de pessoas na casa dos setenta e muitos, assim como de crianças e jovens. Muitos pela primeira vez, afirmando quererem continuar. Assim seja!

É justo referir o nosso agradecimento ao Grupo de Dadores de Sangue do Vale de Santarém, pela cedência de garrafas de água, muito úteis em dia de algum calor, assim como a colaboração da Enfermeira Célia Oliveira, que mais uma vez compareceu, participando na caminhada e estando disponível para alguma situação que carecesse da sua especialização.

Mais uma referência importante: ao trabalho de fotos, vídeos e respectiva montagem, por parte de Leonel Murta, que nos permite partilhar aqui, como já fizemos no facebook.

Uma última referência para a condução da caminhada, por parte da coordenação do Movimento, que esteve a cargo de Alfredo Lobato, Francisco Ferreira, Nuno Pisco e Virgílio Pereira, com Manuel Sá no apoio com viatura.

No final, fica-nos o prazer desta realização, e pela afirmação dos ideais que a nortearam: a prática de exercício físico em ambiente de natureza, o contributo para a saúde, o convívio, o conhecimento dos arredores (limites) da nossa freguesia e a defesa de práticas correctas para o meio ambiente. Tudo isto numa data histórica, de muito significado, para nossa atitude de cidadãos livres e independentes: o 25 de Abril.

Quanto aos dois vídeos, ficam abaixo os links respectivos.

Com saudações ecologistas

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém

Alfredo Lobato - Carlos Jorge Calheiros - Carlos Vieira - Francisco Ferreira - Manuel João Sá - Nuno Pisco - Pedro Adriano - Virgílio Pereira. 

Vídeo de Leonel Murta


Vídeo do Movimento Ecologista do Vale de Santarém



2017/04/19

Nós e as comemorações do 25 de Abril

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém é uma daquelas organizações cuja existência só foi possível porque houve uma mudança política, de grande significado, em Portugal, no dia 25 de Abril de 1974. Mas, muitas outras organizações (e tanta, tanta "coisa" mais, de natureza positiva) só aconteceram porque houve o 25 de Abril. 

Por exemplo, podermos falar, livremente, sobre o nosso país, sobre as suas instituições, os seus poderes, podermo-nos candidatar, podermos eleger e sermos eleitos para os órgãos de poder democrático, como as assembleias de freguesia, de concelho, da República... podermo-nos associar em organizações políticas, sindicais, de cidadania, como o nosso Movimento, sem medos, sem repressão, sem polícia política, como a PIDE, e outros órgãos associados, como a Legião, podendo-nos assumir em diversos domínios, mesmo que erremos, mesmo que a nossa escolha, mais tarde, para nós, se revele ter sido a menos acertada... 

Por isso, o 25 de Abril não é só uma data, para uma festa. É muito mais do que isso. Foi o dia do início do fim de um tempo negro e triste do nosso País, um ponto de partida para um Portugal, novo, muito diferente para melhor, o qual foi conseguido, mesmo com dificuldades, mas com um saldo que nada tem a ver com o passado: falta de liberdade, repressão, atraso, fome, guerra colonial. 

Quem viveu isso e o esquece, e também alguns que não viveram esse tempo, aparecem por vezes a suspirar pelo retorno a esse passado. Ora, temos de dizer, abertamente, que, pela nossa parte, Movimento Ecologista do Vale de Santarém que, independentemente da orientação política e/ou filiação partidária de quem quer que seja, que respeitamos (o nosso Movimento não tem, nem terá qualquer orientação político-partidária ou confessional) o nosso lado é este: o da perspectiva e prática de liberdade, da cidadania pela defesa e preservação do Meio Ambiente, contra todas as práticas que isso contrariem e, obviamente, comungando inteira e activamente pelos ideais de LIBERDADE POLÍTICA, DE CIDADANIA ACTIVA e de PAZ, que o 25 de Abril permitiu fazer nascer e desenvolver.

Por isso, estamos nas Comemorações do 25 de Abril, promovidas pela Junta de Freguesia do Vale de Santarém, não só porque é/também deve ser UM DIA DE FESTA, mas porque integramos em nós e defendemos esses ideais na nossa própria acção, e assim queremos continuar.


A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.