2021/03/22

O Mundo tem sede...

 (Nº. 1 /2021)

No Dia Mundial da Água...
Em cada cinco pessoas, no Mundo, duas estão privadas de água de boa qualidade para consumo. Cerca de metade dos habitantes do planeta não dispõe de uma rede de abastecimento satisfatória. A escassez de água é um dos principais problemas ambientais do mundo. Portugal, ainda que em situação longe do dramatismo de outros países, também vive esta situação, mais evidente, especialmente em certas zonas do interior e do sul do país.

A água potável é um bem finito, que se reparte desigualmente pela superfície terrestre. É um recurso renovável, devido ao chamado ciclo da água, mas as suas reservas não são ilimitadas. Os cientistas dizem que, se o consumo continuar crescendo desordenadamente, como nas últimas décadas, as águas superficiais do planeta estão comprometidas por volta de 2050.

A carência de água é resultado da combinação de efeitos naturais, demográficos, socioeconômicos e até culturais. Chuvas escassas, alto crescimento demográfico, desperdício e poluição de mananciais, combinam-se para gerar uma situação já denominada de “stresse hídrico “. Esta situação ocorre quando a disponibilidade hídrica é inferior 2 mil m3 anuais por habitante.

Em Portugal, as barragens e as zonas de captação de água potável têm vindo a causar preocupações crescentes, ano a ano: em certas zonas do país há níveis preocupantes de falta de água potável, para não falar da sua carência para animais e plantas.

Em certas zonas do Mundo, especialmente no Médio Oriente, a escassez de água tem feito surgir situações de conflito, casos de tensões geopolíticas geradas pela disputa pelo domínio e utilização de fontes de água, especialmente rios, quando estes atravessam regiões de vários estados. Prevê-se que os eventuais conflitos nesta região, ao longo do século XXI, sejam causados cada vez mais pela corrida à água e cada vez menos pelo petróleo.

De certo modo, o desvio de águas do rio Tejo, em Espanha, para os territórios do sul do país vizinho, embora sem atingir tal nível de conflito, constitui já, desde há anos, uma perda significativa de água, que devia correr pelo grande rio, até Lisboa, mas que foi desviada, ao abrigo de uma Convenção entre os dois países, com prejuízo para Portugal. Renegociar a Convenção de Albufeira, é urgente e necessário.

Este é um problema de grande amplitude universal, que se vem agudizando. Apesar de 75% da superfície da Terra estar coberta por massas líquidas, a água doce não representa mais que 3% desse total. O problema é que apenas um terço da água (presente nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera) é acessível. O restante está imobilizado nas grandes regiões geladas, nas calotes polares (a derreter, devido à elevação da temperatura média anual) e nos lençóis freáticos profundos.

Atualmente, cerca de 50% das terras emersas já enfrentam um estado de penúria em água. Ao longo do século passado, a população mundial foi multiplicada por três, as superfícies irrigadas foram multiplicadas por seis e o consumo global de água foi multiplicado por sete. Ao mesmo tempo, nas últimas cinco décadas, a poluição dos mananciais reduziu as reservas hídricas em um terço.

É decisivo: reduzir a poluição - das águas, dos solos, do ar, e usar menos químicos e pesticidas na agricultura; desenvolver processos de reciclagem das águas; melhorar a conservação das redes de distribuição; evitar o desperdício; desenvolver pesquisas sobre culturas agrícolas menos exigentes à água e mais tolerantes ao sal.

A dessalinização da água do mar seria uma alternativa, em algumas regiões, mas o seu alto o custo não pode ser suportado pelas economias dos países mais débeis.

O que é visto como muito decisivo: ordenamento e planeamento do uso do solo, o que implica, com urgência, a realização de um plano de recuperação e conservação da cobertura florestal. Mais árvores, é preciso!

(Com base em leituras efectuadas, para o nosso contributo no Dia Mundial da Água, em 2021).
As duas primeiras fotos são: da Barragem Pego do Altar, 2019, zona de Alcácer do Sal, e da ponte que não estava a descoberto, há mais de 60 anos.

A terceira foto é da carência de água potável, no Mundo.