2022/08/30

O MOVIMENTO ECOLOGISTA DO VALE DE SANTARÉM FOI FUNDADO HÁ NOVE ANOS

Passam hoje 9 anos sobre a criação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.

Estamos de parabéns por isso, mas muito há a lamentar, quando olhamos para o que tem acontecido em termos de meio ambiente, de então para cá, na área da nossa intervenção, como no país e no mundo.

No Vale de Santarém, assistimos há pouco ao muito triste acontecimento da derrocada da outra grande pernada do Pinheiro das Areias, o qual não teve qualquer atenção por parte das entidades que deviam garantir o que a lei prescreve para árvores classificadas de interesse público, como é o caso. Essa falta de atenção e de cuidados específicos não aconteceu recentemente, mas sempre, desde que a árvore foi classificada. O que agora se deu foi a consequência do desinteresse, do abandono, do incumprimento das leis.

O rio Maior (Vala Real da Asseca ou de Azambuja) além de sofrer as consequências das alterações climáticas - com a seca galopante e geral que se tem generalizado no planeta, provocando grande redução de caudais, o que é visível em todas as redes hidrográficas nacionais - está cada vez mais abandonado, num estado lastimável: cresceram árvores no seu leito, os jacintos de água formam manchas enormes, ao longo do seu percurso, as águas, correndo ou não, estão empestadas todo o ano, pelas empresas de suinicultura e os esgotos urbanos, e, no período de Verão, pelas fábricas do tomate.

Como se isso não fosse já muito negativo, os silvados e o arvoredo ocupam os combros, impossibilitando que neles se caminhe ou se ande de bicicleta, desperdiçando-se assim a utilização desse património natural, assim como o trajecto do antigo ramal ferroviário entre a cidade de Rio Maior e o Vale, para a criação de uma ecovia, que poderia existir ao longo de todo o percurso do rio, até à sua foz no Tejo, um pouco depois de Azambuja.

As águas do rio Maior, poluídas, estão a ser usadas nas regas, pelos seareiros, que não têm outro recurso. Um contributo para problemas de saúde, obviamente. Já não servem para pescar, para andar de barco, assim como, para nelas, e nas suas proximidades, as pessoas gozarem o prazer da fruição da Natureza envolvente.  

Tudo isto temos denunciado. Nós e outros movimentos das margens do rio Maior, evidenciando, por denúncias concretas e públicas, os males que têm vindo a ser infligidos ao rio. 

Porém, todas as entidades que deviam tomar medidas e alterar este estado de coisas, têm vindo a pactuar com a situação: não agem, não promovem mudanças que impeçam estes comportamentos negativos.

Acreditamos que a continuação da cidadania alargada, com mais e mais activas pessoas interessadas em contribuir para melhorar o meio ambiente, poderá alterar esta lastimável situação. Todos os que sentem que isto tem de mudar, devem manifestar-se, sejam qual for a sua idade, mas aos jovens, em especial, lançamos esse apelo: o rio Maior, que poderia ser um contínuo canal de prática de actividades lúdicas, em meio natural, precisa da vossa atenção, em sua defesa, se não aumenta o seu papel como esgoto a céu aberto. 

Pela nossa parte, continuamos nesse propósito.

De parabéns, que partilhamos com todos,

saudações ecologistas,

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.



  

2022/08/13

PINHEIRO DAS AREIAS, ÁRVORE NOTÁVEL DO VALE DE SANTARÉM, ESTÁ AGORA REDUZIDA AO TRONCO

O "Pinheiro das Areias", árvore notável do Vale de Santarém, o pinheiro manso de maior perímetro de tronco (mais de oito metros) conhecido em Portugal, viveu mais um episódio da sua longa vida (muito mais de 200 anos) ficando no estado que mostra a foto, de hoje, 13 de Ago 2022. 

O Pinheiro das Areias, do Vale de Santarém. Foto de Pedro Adriano. 13 Ago 2022


Talvez ainda não seja o seu fim, mas depois do vendaval de 2016, que lhe arrancou uma grande pernada, teve agora novo e grave acidente, que deitou por terra a enorme pernada que restava, já tombada, a qual, de tão grande envergadura e peso, fazia adivinhar este desfecho. 

Poderia ter sido socorrido, ainda antes do vendaval de 2016?... É pergunta que se costuma fazer. E depois do vendaval? Há árvores enormes, em Portugal, cuja sustentação se tem conseguido com apoios verticais, para as manter de pé. Poderia ter-se feito isso, no caso do histórico pinheiro do Vale de Santarém? Certamente. Para os seres humanos, e mesmo para os animais, existem meios para os apoiar na continuação da vida, antes que a sua partida, em definitivo, aconteça. 

Estará agora mais a caminho do fim, aquela que foi uma árvore de muitas gerações, para os valsantarenos, de crianças a adultos e velhos. Faz parte da nossa memória colectiva, da nossa paisagem, e ao pinheiro ligam-nos sentimentos positivos; sob a sua copa houve brincadeiras de crianças, períodos de sesta e de lazer, festas, jogos de futebol, espetáculos de saltimbancos e outros, namoricos, fotos de casamento, baptizados. A sua imponência gerava admiração e orgulho, da nossa parte, e era visitado por gente de fora. 

De tal modo foi importante para o Vale de Santarém que viria a ser árvore-símbolo para figurar no brasão da vila. Foi também a Junta de Freguesia, ao tempo sob a presidência de Alfredo Lobato, que obteve a classificação do Pinheiro das Areias como árvore de interesse público - Diário da República n.º 17, II Série de 21.05.92. Ainda em 2012, a Assembleia de Freguesia do Vale de Santarém viria a aprovar uma moção, por unanimidade, visando obter da parte das entidades competentes a devida atenção, pois a árvore corria riscos e não estavam a ser cumpridas as determinações de protecção das árvores de interesse público. 

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém, no mesmo sentido, viria a criar o movimento SALVEMOS O PINHEIRO DAS AREIAS. Foi lançada uma Petição Pública, tendo-se recolhido muito mais de seiscentas assinaturas, que foram enviadas à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal. Depois disso, nada tendo sido feito, o Movimento Ecologista ainda entregou um dossier ao presidente do ICNF, de que nada resultou, já depois de ter contactado o ICNF de Santarém.

Mesmo depois da perda de uma enorme pernada, com o vendaval de 2016, não deixámos de chamar a atenção da Junta de Freguesia para, nada tendo sido feito, apesar de tantos alertas (com razões óbvias, como se conclui) as entidades da tutela terem algo a fazer, face ao que tinha acontecido, de degradação contínua da árvore. 

Hoje é, certamente, um dia triste para os valsantarenos e muitos outras pessoas que admiravam o histórico Pinheiro das Areias.

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.