2022/08/13

PINHEIRO DAS AREIAS, ÁRVORE NOTÁVEL DO VALE DE SANTARÉM, ESTÁ AGORA REDUZIDA AO TRONCO

O "Pinheiro das Areias", árvore notável do Vale de Santarém, o pinheiro manso de maior perímetro de tronco (mais de oito metros) conhecido em Portugal, viveu mais um episódio da sua longa vida (muito mais de 200 anos) ficando no estado que mostra a foto, de hoje, 13 de Ago 2022. 

O Pinheiro das Areias, do Vale de Santarém. Foto de Pedro Adriano. 13 Ago 2022


Talvez ainda não seja o seu fim, mas depois do vendaval de 2016, que lhe arrancou uma grande pernada, teve agora novo e grave acidente, que deitou por terra a enorme pernada que restava, já tombada, a qual, de tão grande envergadura e peso, fazia adivinhar este desfecho. 

Poderia ter sido socorrido, ainda antes do vendaval de 2016?... É pergunta que se costuma fazer. E depois do vendaval? Há árvores enormes, em Portugal, cuja sustentação se tem conseguido com apoios verticais, para as manter de pé. Poderia ter-se feito isso, no caso do histórico pinheiro do Vale de Santarém? Certamente. Para os seres humanos, e mesmo para os animais, existem meios para os apoiar na continuação da vida, antes que a sua partida, em definitivo, aconteça. 

Estará agora mais a caminho do fim, aquela que foi uma árvore de muitas gerações, para os valsantarenos, de crianças a adultos e velhos. Faz parte da nossa memória colectiva, da nossa paisagem, e ao pinheiro ligam-nos sentimentos positivos; sob a sua copa houve brincadeiras de crianças, períodos de sesta e de lazer, festas, jogos de futebol, espetáculos de saltimbancos e outros, namoricos, fotos de casamento, baptizados. A sua imponência gerava admiração e orgulho, da nossa parte, e era visitado por gente de fora. 

De tal modo foi importante para o Vale de Santarém que viria a ser árvore-símbolo para figurar no brasão da vila. Foi também a Junta de Freguesia, ao tempo sob a presidência de Alfredo Lobato, que obteve a classificação do Pinheiro das Areias como árvore de interesse público - Diário da República n.º 17, II Série de 21.05.92. Ainda em 2012, a Assembleia de Freguesia do Vale de Santarém viria a aprovar uma moção, por unanimidade, visando obter da parte das entidades competentes a devida atenção, pois a árvore corria riscos e não estavam a ser cumpridas as determinações de protecção das árvores de interesse público. 

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém, no mesmo sentido, viria a criar o movimento SALVEMOS O PINHEIRO DAS AREIAS. Foi lançada uma Petição Pública, tendo-se recolhido muito mais de seiscentas assinaturas, que foram enviadas à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal. Depois disso, nada tendo sido feito, o Movimento Ecologista ainda entregou um dossier ao presidente do ICNF, de que nada resultou, já depois de ter contactado o ICNF de Santarém.

Mesmo depois da perda de uma enorme pernada, com o vendaval de 2016, não deixámos de chamar a atenção da Junta de Freguesia para, nada tendo sido feito, apesar de tantos alertas (com razões óbvias, como se conclui) as entidades da tutela terem algo a fazer, face ao que tinha acontecido, de degradação contínua da árvore. 

Hoje é, certamente, um dia triste para os valsantarenos e muitos outras pessoas que admiravam o histórico Pinheiro das Areias.

A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.

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