2023/08/30

O MOVIMENTO ECOLOGISTA DO VALE DE SANTARÉM FOI CRIADO HÁ 10 ANOS

Passam hoje 10 anos sobre o dia em que um conjunto de mulheres e homens do Vale de Santarém decidiram criar o Movimento Ecologista, após uma série de reuniões, na sede do Clube de Amadores de Pesca da vila.

Com o apoio de duas outras organizações que há algum tempo intervinham na zona do rio Maior - o Movimento Ar Puro, de Rio Maior, e a ECOCARTAXO - exactamente lutando contra a poluição que há anos se abatera sobre o importante afluente do Tejo, a criação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém ocorreu no dia 30 de Agosto de 2013, passando a actuar no mesmo sentido, em colaboração com aquelas organizações, inseridas também no proTEJO - MOVIMENTO PELO TEJO.

Além da poluição do rio Maior, uma triste realidade então já com décadas (assim como o seu abandono pelas autoridades e a perda dos combros, invadidos por árvores, tornando impossível ali caminhar), outros problemas, de âmbito local, exigiam a intervenção do nosso Movimento, principalmente: 

  • O ribeiro que atravessa a vila, pela poluição que passou a apresentar, mas também pelo abandono que revelava, quase desaparecendo o seu leito, e com a retenção de água por alguns moradores; 
  • A degradação e abandono dos antigos locais de lavagem do ribeiro, com destaque especial para o "rio da quinta" das Rebelas, em risco de se perder um rico e notável património histórico;
  • A degradação e abandono do Pinheiro das Areias, árvore monumental, também notável pela sua longa idade, e de enorme valor histórico para a nossa comunidade, reconhecida pela Lei como "árvore de interesse público";
  • A poluição na vila e seus arredores, com vazamento de lixos de construções e de todos os tipos, nas bermas, nos pinhais, nos matos;
  • A preservação de património histórico da vila, como as fontes (de Três e de Uma Bica), do Pombal e da Ponte do Vale, relíquias da comunidade, que fazem parte da sua identidade e memória colectiva.
Ao longo destes 10 anos realizámos diversas acções de acompanhamento e denúncia pública, como perante os poderes autárquicos, administrativos e policiais (ICNF  e SEPNA) de situações reiteradas de poluição e de outros incumprimentos das leis, relativamente aos assuntos do meio ambiente na nossa vila, como daqueles que envolvem a bacia hidrográfica do Tejo.

Apresentámos publicamente vídeos denunciadores da poluição em São João da Ribeira, vazada para o rio Maior, uma calamidade todos os anos durante a época do funcionamento da fábrica do tomate, bem como do vazamento, na zona da Ponte de Asseca, do que ali chega da ETAR de Santarém. 

Participámos em reunião com as quatro autarquias em cujo território corre o rio Maior (Rio Maior, Santarém, Cartaxo e Azambuja) sobre a poluição evidente, continuada, que não diminuiu, envolvendo essa reunião membros das pecuárias operando nas margens e proximidades do rio.

Apresentámos à Junta de Freguesia, como à Câmara Municipal de Santarém, um abaixo-assinado com cerca de 700 assinaturas, sobre a situação de degradação e eminente colapso do Pinheiro das Areias.

Realizámos diversas caminhadas, na zona urbana e em toda a área geográfica do Vale de Santarém, exactamente para dar a ver o território da vila, os seus limites, os percursos pedestres que sugerimos passassem a ser conhecidos e, para além da prática salutar da caminhada em ambiente de natureza, por essa via também ajudar na observação e denúncia de situações de abandono e poluição.

Estas e outras situações, ao longo destes anos, mereceram a nossa atenção e denúncia sistemática, mas participámos também em acções de âmbito mais alargado, na bacia hidrográfica do Tejo, promovidas pelo proTEJO. 

Através deste nosso Blogue, e também pelo Facebook, demos conhecimento das nossas actividades nesta luta que, temos de reconhecer, como tantas organizações e pessoas conhecedoras vêm fazendo, está sendo muito difícil, e são muitas e muito diversas as razões pelas quais as mudanças positivas não estão a ser conseguidas. 

A poluição que se mantém em níveis elevadíssimos nos solos, no ar, nos mares e oceanos, em todo o mundo, com as evidências do aquecimento global, com as devastadoras consequências das alterações climáticas há muito reveladoras, ainda não estão a ter a compreensão e acção das populações, ao nível do planeta, que impliquem a exigência contínua, persistente e inadiável, de alterações fundamentais que tais evidências reclamam e que, como é fácil constatar, os actores e interessados no sistema capitalista reinante continuam a recusar, com o apoio de políticos e governantes, por eles mesmos orquestrados, manipulados, silenciados, ou colaborantes activos.

Pela nossa parte, e no que respeita à nossa área específica, verificamos o que é sobejamente conhecido, e de que temos dado nota, mas sobretudo: 
  • A poluição no Rio Maior continua, como há décadas, e nos combros cresceram e desenvolveram-se árvores em tal quantidade e dimensão, que hoje é impossível neles caminhar; as árvores também se desenvolveram dentro do rio, de modo que, mais ainda com mantos de jacintos no leito, é impossível ali navegar;   
  • O Pinheiro das Areias foi decepado pelos vendavais, mas isso aconteceu mais pelo abandono a que foi votado pelas entidades a quem competia a sua preservação: o ICNF e o poder autárquico de Santarém;
  • O ribeiro do Vale de Santarém deixou de ter leito em grande parte do seu percurso e, além disso, nele só corre água quando chove em boa quantidade e por períodos contínuos. Felizmente, pela nossa insistência, foi recuperado e beneficiado o local de lavagem do "rio da Quinta", pela acção conjunta da Câmara Municipal de Santarém e da Junta de Freguesia do Vale.

Tal como temos dito, a continuação da cidadania activa e  alargada, com mais e mais pessoas interessadas em contribuir para melhorar o meio ambiente, poderá alterar esta lastimável situação. 

Por isso, apelamos a todos os que sentem que isto tem de mudar, para que devem manifestar-se, seja qual for a sua idade, participando nas atividades que propomos e sugerindo outras acções e outras áreas a ter em conta, nesta luta, que é tanto mais vitoriosa quanto mais pessoas nela participarem. 

Em especial, lançamos esse apelo aos jovens do Vale de Santarém. Neste, como em todos os domínios da vida em sociedade, os jovens têm um papel fundamental, participando na construção do melhor futuro, com a energia e as ideias inovadoras que a juventude sabe emprestar à vida em sociedade, e que urge conhecer e acolher. 

Por exemplo, o rio Maior, que poderia ser um contínuo canal de prática de actividades lúdicas, em meio natural, precisa da vossa atenção, em sua defesa, se não aumenta o seu papel como esgoto a céu aberto, que é, há décadas.

Pela nossa parte, continuamos nesse propósito, querendo mais e mais activa adesão às nossas actividades, e energias renovadoras, para mais e melhor, no meio ambiente do Vale de Santarém.

De parabéns, que partilhamos com todos, pela 1ª década da nossa existência e acção de cidadania,

Saudações ecologistas, nelas envolvendo os nossos companheiros do Movimento Ar Puro, de Rio Maior, e a EcoCartaxo, bem com o proTEJO-Movimento pelo Tejo, e todos os dirigentes e activistas, em Portugal, nesta luta pela Vida e pela sobrevivência do nosso Planeta,

A Coordenação.






8 comentários:

  1. Comentário, por mail, de Adriana Sá.
    Muitos parabéns pelo aniversário do Movimento Ecologista do Vale de Santarém, votos de sucesso e concretizações em defesa do Vale de Santarém.

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    1. Muito agradecemos Adriana. Apesar das dificuldades que esta luta encerra, só há um caminho: continuar a nossa oposição clara à destruição da nossa Casa Comum, e fomentar maior consciência colectiva para esta acção de cidadania, sem a qual a calamidade que se vem anunciando, resultado das acções de forças poderosas do capital, vai levar-nos à destruição total.

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  2. Mail enviado por José Louza, da ECO-CARTAXO, Movimento Alternativo e Ecologista:
    José Louza
    08/09/2023, 02:30 (há 2 dias)
    para mim

    Em nome da Eco-Cartaxo e em meu nome saúdo o Movimento Ecologista do Vale de Santarém no seu todo, assim como os queridos companheiros de já tantas caminhadas. Dez anos, convenhamos, já é digno de nota e relevo num mundo encurraladoado no laxismo, na desesperança e, também, na ignorância. O capital, reconheça-se, manobrou bem no colonizar das consciências. Para já! O futuro, como sempre, é incerto e as surpresas podem estar ao virar da esquina, como tantas vezes os povos o têm demonstrado.
    A última preocupação do capital é o ribeiro do Vale de Santarém, o pinheiro das areias, o rio Maior ou a Vala Real. Ou até, num registo mais lato, a catastrófica alteração do clima que nos protege, a subversão dos oceanos que, em certa medida, controlam o clima, a desertificação acelerada de que seremos uma das principais vítimas, o desaparecimento da inigualável e maravilhosa biodiversidade, a água doce que nos vai dolorosamente faltar, o derreter infernal das árvores que fizeram e continuam a fazer os solos pletóricos de vida e que nos presenteiam com a chuva, a destruição da camada do ozono (a questão não está resolvida) que a todos protege e cuja ausência impossibilitará simplesmente a existência da vida, o assustador degelo em curso (só a Gronelândia representa uma subida de 7 metros do nível médio das águas oceânicas e a Antárctida cerca de 50, ao que dizem) que afogará muitas das maiores cidades, as guerras, a fome, os horrores, os desesperos, as atrocidades e as dores inimagináveis que todos estes desastres em perspectiva provocarão e mais. muito mais... Nada disto interessa desde que o pib cresça (destruir também o faz grimpar), a competitividade e o consumismo arreganhem os dentes e o lucro (o essencial não dito) perdure.
    Eis-nos, pois, no seio da admirável utopia-distopia deste sistema selvático. Mas isto é o que nós dizemos, nós que queremos retornar à Idade da Pedra, disparam-nos eles. O que não deixa de ser irónico, visto haver quem diga e o demonstre que a tal Idade foi a primeira, e única até hoje, "Idade da Abundância". Por mim, acho que a tarefa fundamental dos ecologistas é criar condições para que uma segunda Idade da Abundância enfim seja possível.
    Parece que como carta de felicitações me alarguei e deixei os dedos ir martelando o teclado.
    Viva o MOVIMENTO ECOLOGISTA DO VALE DE SANTARÉM, até que não seja necessário porque seremos todos ECOLOGISTAS.
    José Louza.

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    1. Muito agradecemos, Amigo José Louza, pelas tuas sábias palavras, do militante, do dirigente, gerador de consciências e movimentos, com tantos anos na luta pela causa da Ecologia, que é a causa da(s) nossa(s) Vida(s). De facto, como dizes, estamos "num mundo encurralado no laxismo, na desesperança e, também, na ignorância. O capital, reconheça-se, manobrou bem no colonizar das consciências. Para já! O futuro, como sempre, é incerto e as surpresas podem estar ao virar da esquina, como tantas vezes os povos o têm demonstrado". Continuemos, pois, na procura de um futuro diferente daquele para que nos querem encaminhar, que é o da destruição total da nossa Casa Comum. Na verdade, como cidadãos activos e conscientes, não temos outro objectivo, outra alternativa: mesmo com o laxismo, a desesperança e a ignorância, que dão carta branca ao capital para o saque, para a destruição da Natureza, até ao indizível, só nos resta continuar. E continuamos nesse propósito, companheiro(s), enquanto vida houver. Fraterno abraço.

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  3. Mail enviado por Ana Silva, do proTEJO e da ECO-CARTAXO - Movimento Alternativo e Ecologista
    Ana Silva
    31/08/2023, 11:33 (há 10 dias)
    para Manuel, mim

    Muitos parabéns pelo aniversário e pela persistência.

    Aproveito para desejar as melhoras ao Manuel Sá e para pedir que ajudem na divulgação de um Protesto pela Floresta do Futuro que vai acontecer em vários pontos do país, conforme publicação no Facebook do proTEJO e da Ecocartaxo.

    Abraço. Ana Silva

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    1. Amiga Ana, o fraterno abraço do Movimento Ecologista do Vale de Santarém. Continuemos.

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  4. Saudamos todas as pessoas que deram vida ao Movimento Ecologista - Vale de Santarém e persistem em seguir o caminho a que se comprometeram, cooperando, trabalhando e agindo, localmente e com todas as pessoas e organizações que se batem em defesa da vida, em todas as suas dimensões... Entre o percorrido e o que temos para percorrer, só nos resta continuar a resistir, caminhar, criar e construir.
    Saudações fraternais.

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  5. Tal e qual, Amigos e Companheiros do Movimento Cívico "Ar Puro". Estamos juntos, nas lutas na nossa zona, nas margens do rio Maior, como na bacia hidrográfica do Tejo e, obviamente, na acção ecologista global, que clama por mais e mais activas forças contra a destruição para que nos estão a querer encaminhar.

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