O Movimento Ecologista do Vale de
Santarém repudia o assédio que está a sofrer Arlindo Consolado Marques, destacado
activista na luta contra a poluição na bacia do rio Tejo, membro do proTEJO e
seu secretário da mesa do Conselho Deliberativo, assédio praticado pela CELTEJO
- Empresa de Celulose do Tejo, S.A., pertencente ao Grupo ALTRI, que se queixa de ofensas à
sua credibilidade e bom nome, reclamando por isso o pagamento de uma indemnização de 250
mil euros.
Arlindo Marques, entre muitos outros cidadãos da região, vem
denunciado há anos a CELTEJO, pelas práticas que para todos são
evidentes, de contaminação do rio Tejo, intervindo no domínio da defesa da
preservação da Natureza, acção que de todos os cidadãos é esperada e desejada,
para bem do nosso presente e futuro comum.
Como tem sido largamente apresentado, existem fortes suspeitas de que a CELTEJO e outras indústrias papeleiras são responsáveis pelos graves episódios de poluição no rio Tejo português, que o Arlindo Marques repetidamente tem denunciado. Mas não tem sido somente Arlindo Marques a falar nestes termos: numerosas figuras públicas e também a Agência Portuguesa do Ambiente o têm feito.
Esta acção vergonhosa contra Arlindo
Marques é contra todas as organizações e pessoas que, sem qualquer
outro interesse que não o da defesa e preservação de UM TEJO VIVO, SEM
POLUIÇÃO, ao nível de Portugal e Espanha, se batem para que o Tejo e seus
afluentes não continuem a ser usados, como temos visto, como canos de esgoto de
diversas indústrias e outras agressões ao longo da bacia hidrográfica, e no
qual a indústria da pasta para papel é tida como garantindo uma grande
quota-parte dessa nefasta acção, em Portugal.
Os cidadãos que em Espanha e Portugal se
preocupam, crescentemente, com o estado de morte a que estão a chegar
os rios desta bacia hidrográfica, não defendem o encerramento de tais indústrias,
mas sim que, existindo, funcionem com respeito pelas normas
ambientais, ou seja, sem destruírem a Natureza, sem poluírem as águas, sem matarem
os peixes e tudo em redor.
Não se trata de algo criminoso o que Arlindo
Consolado Marques e muitos outros milhares de cidadãos têm defendido
publicamente, antes pelo contrário – a defesa da Natureza, a denúncia das
situações de poluição dos rios, dos solos e do ar é um direito e um dever de
qualquer cidadão, contra a destruição do meio ambiente em que vivemos, e é
mesmo um direito constitucional.
Estranhamos, não compreendemos e não aceitamos que as autoridades da Tutela demorem a intervir, como é seu dever, no ataque a
esta situação. Não só a Agência Portuguesa para o Ambiente - como outras
instâncias do poder com intervenção neste domínio - têm conhecimento concreto
da situação, há muito. Inclusive, o próprio Ministro do Ambiente está informado sobre o
que se passa.
A reiterada ausência de medidas, que, em concreto, fecha os olhos à situação de poluição que tem vindo a acontecer, há anos, acaba por autorizar as empresas
poluidoras a permanecerem nas suas práticas criminosas, permitindo até, como é
agora o caso da CELTEJO, avançar com a acção de assédio sobre um cidadão que
tem cumprido, ele sim, como outros, o seu papel consciente e activo de defensor da saúde e equilíbrio
ambiental, na região.
Arlindo Consolado Marques é um
cidadão exemplar, cuja acção corajosa e altamente meritória se tem centrado
nesse objectivo de denunciar a poluição evidente, confirmada, do rio Tejo e não
pode, por uma actividade que é valiosa, indispensável e louvável, vir a sofrer
a perseguição seja de quem for, devido ao desempenho de cidadania, constitucional, que muito
bem exerce e a que tem direito, pela defesa do bem comum da zona ribeirinha do
rio Tejo, onde também vive.
Pelo contrário, a CELTEJO, ao fazer de bode
expiatório o cidadão Arlindo Marques, ao mesmo tempo que não interpôs acções
judiciais contra políticos, deputados e outras figuras públicas que também
denunciaram a sua acção poluidora, demonstra ser uma organização sem princípios
humanistas e sem honestidade em termos de cidadania empresarial, para com a
comunidade onde se insere e para com o País, procurando iludir, na
identificação de um só cidadão, a afirmada e continuada denúncia de práticas de
poluição que têm sido referenciadas por muitos e diversos
actores, a muitos níveis.
O Movimento Ecologista do Vale de Santarém solidariza-se com Arlindo Consolado Marques e, a par com outras organizações e pessoas, compromete-se a tomar todas as diligências possíveis para que não seja condenado por exercer a sua cidadania e para que a acção interposta pela Celtejo seja, antes, uma oportunidade para esclarecer as responsabilidades pela poluição do rio Tejo.
Estamos contigo, firmemente,
companheiro ARLINDO CONSOLADO MARQUES. Enaltecemos o teu valoroso exemplo.
Estamos ao teu lado e continuamos a lutar pelas causas que nos são comuns, de
defesa da preservação do Tejo e seus afluentes, contra o crime da poluição que,
há décadas, e sobretudo nos últimos anos, vem destruindo a vida na nossa bacia
hidrográfica, e onde a CELTEJO é referida, sistematicamente, como uma das
principais responsáveis.
SOMOS TODOS ARLINDO MARQUES!!!
Pelo Movimento Ecologista do Vale
de Santarém
A Coordenação.
30 Dez 2017
Concordo em absoluto!
ResponderEliminarAté me lembrei de uma empresa japonesa exemplar: a Kubota.
Os seus efuentes tratados vão para uma lagoa onde vivem trutas, que são extremamente sensíveis à poluição. Só depois é que as águas seguem para o rio.