Damos particular destaque à necessidade de despoluição do rio Maior / Vala Real de Azambuja. A situação que o rio vive, com poluição desencadeada pelas suinicultoras, pela fábrica de tomate de São João da Ribeira e pelas descargas dos esgotos urbanos, é de calamidade. Pouco falada, foi passando sem grandes referências, até que o nosso Movimento, conjuntamente com o Movimento Ar Puro, de Rio Maior, e a Eco-Cartaxo, iniciou um processo de denúncia sistemática do estado a que o rio chegou. Existe um tal despudor quanto a este assunto, que até a ETAR de Santarém continua a lançar efluentes não tratados no rio Maior, através de uma vala que desagua na Ponte de Asseca, vinda dos lados da povoação de Peso.
Outra grande prioridade do nosso Movimento é a defesa do leito do ribeiro que atravessa o Vale de Santarém e desagua no rio Maior / Vala. Este ribeiro, histórico curso de água ligado à nossa terra, à vida dos Vale-Santarenos, desde sempre, é o chamado Rio das Patas, de Cima, da Quinta, dos Loureiros, da Praça, da Elóia, da Cabine, da Mari Elvira, das Guiomárias... nomes que lhe advêm do local por onde passa. Algumas faltas de cuidado e utilizações indevidas, a par de acções de vandalismo, ameaçam transformar este nosso rio num vazadouro, aonde também chegam os tubos que vêm das residências. Há que evitá-lo - o Vale já tem saneamento básico há anos e não se percebe como é que águas de lavagens e outras são direccionadas para o ribeiro.
O Pinheiro das Areias, árvore monumental, classificada, por ser o pinheiro manso de maior perímetro de copa que se conhece, é outra riqueza histórica de que temos de cuidar. Os Vale-Santarenos mais antigos sempre respeitaram o célebre pinheiro, cuja idade anda acima dos 500 anos! Debaixo da sua frondosa copa, sob a sua enorme sombra, centenas e centenas de crianças, jovens e adultos, ao longo de muitas décadas, gozaram do prazer daquela companhia única, que é avistada de muitas partes da nossa terra. Ali brincámos, namorámos, convivemos. Ir ao Pinheiro das Areias era ir a um lugar especial, na nossa terra. Nas últimas décadas, e de uma forma crescente, o Pinheiro das Areias veio sendo sujeito a pressões e ataques de todo o tipo. A sua enorme copa tem vindo a diminuir a olhos vistos, perguntando-se se tem vindo a ter a mais adequada protecção e tratamento por parte das entidades que deviam fazê-lo. As suas raízes, também por que a terra em volta tem vindo a desaparecer, sobretudo de um dos lados, começam a ficar à vista, expostas ao sol e à chuva, à erosão que põe em perigo o futuro do pinheiro. A ocupação urbana, nas suas proximidades, tem ajudado a degradar ainda mais a situação. Precisa, portanto, de atenção e de tratamento urgente, por quem saiba. Precisa de ser conhecido o seu estado. É necessário que se saiba que aquele pinheiro está ali, que é uma árvore monumental, única, e que precisa de ser salva. Temos sugerido, até, que à entrada da travessa seja colocada uma placa que oriente as pessoas que querem conhecer a localização do pinheiro, e sabemos que há esse interesse. Esta seria uma forma de lhe dar visibilidade, pois é um exemplo de árvore que merece ser conhecida. Como um monumento. A quem cabe tomar tal medida? À Junta de Freguesia? A outra entidade? Qual? Vamos actuar no sentido também de ajudar a dar resposta a estas perguntas.
Pinheiro das Areias - Vale de Santarém. Árvore monumental, o pinheiro manso de maior perímetro de copa que se conhece. Foto de há alguns anos. |
Outra área que sugere acção ecologista é a da defesa e preservação do património histórico edificado que é propriedade da freguesia. Referimo-nos às nossas fontes - de Três Bicas e de Uma Bica - verdadeiras relíquias da nossa terra, que continuam a deitar água há muitas décadas, sem parar, todo o ano. Históricas, imperdíveis, não só pela água que deitam, não só pelo facto de serem fontes conhecidas, mas também por serem espaços que marcaram as gentes da terra, por serem de convivência, de aprendizagens, de iniciação a muitos aspectos da vida, inclusive para gente de outras terras em volta, que ainda hoje continuam a acorrer ali, para colher água fresca, potável. Uma riqueza que começa a ser excepção, se considerarmos que, em tantas aldeias, as fontes secaram ou estão com água imprópria para beber.
Fonte das Três Bicas, no Vale de Santarém. Renovada em 1940. Recentemente alvo de acção de vandalismo - roubaram-lhe as bicas, de cobre. Continua a deitar água, desde que construída. Sem parar. |
Fonte de Uma Bica, no Vale de Santarém. A água que deita vem da mesma origem da da Fonte de Três Bicas. Também continua a deitar água, desde que construída. Sem parar. |
Outras áreas vamos ter em mente, em 2015. E uma delas é a nossa relação com as escolas da nossa terra. Nesse sentido tivemos um primeiro contacto com a directora da Escola Básica e também com a coordenadora da CES-Fonte Boa. Importa que, como dizemos desde o princípio, as crianças sejam desde cedo iniciadas nas práticas ecologistas e, nos programas escolares, essa preocupação exista e seja alimentada, todos os anos, na relação com a natureza envolvente, com o que existe, com o que é observável, palpável e manipulável na nossa própria terra. Felizmente tivemos o melhor acolhimento e estamos disponíveis para a colaboração que, da nossa parte, as escolas esperam e, sobre o qual, vamos conversar.
Parque infantil da Escola Básica do Vale de Santarém. |
CES-Fonte Boa - As crianças, na aprendizagem fundamental na relação com a Natureza. |
Outras ideias e acções iremos desenvolver, como caminhadas, concurso de pesca, passeios de natureza e outros, que a seu tempo anunciaremos, assim como uma reunião aberta à população do Vale de Santarém. Para bem da nossa terra, do presente e do futuro do Vale de Santarém e dos seus habitantes.
Terminamos, desejando saúde e paz em 2015 e
Saudações Ecologistas,
A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém
Carlos Vieira - Francisco Nascimento Ferreira - Manuel João Sá.
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