O Pinheiro das Areias, do Vale de Santarém. Foto de Pedro Adriano. 13 Ago 2022 |
Talvez
ainda não seja o seu fim, mas depois do vendaval de 2016, que lhe arrancou uma
grande pernada, teve agora novo e grave acidente, que deitou por terra a enorme
pernada que restava, já tombada, a qual, de tão grande envergadura e peso, fazia adivinhar
este desfecho.
Poderia ter sido socorrido, ainda antes do vendaval de 2016?... É
pergunta que se costuma fazer. E depois do vendaval? Há árvores enormes, em
Portugal, cuja sustentação se tem conseguido com apoios verticais, para as
manter de pé. Poderia ter-se feito isso, no caso do histórico pinheiro do Vale
de Santarém? Certamente. Para os seres humanos, e mesmo para os animais, existem
meios para os apoiar na continuação da vida, antes que a sua partida, em
definitivo, aconteça.
Estará agora mais a caminho do fim, aquela que foi uma
árvore de muitas gerações, para os valsantarenos, de crianças a adultos e
velhos. Faz parte da nossa memória colectiva, da nossa paisagem, e ao pinheiro
ligam-nos sentimentos positivos; sob a sua copa houve brincadeiras de crianças,
períodos de sesta e de lazer, festas, jogos de futebol, espetáculos de
saltimbancos e outros, namoricos, fotos de casamento, baptizados. A sua
imponência gerava admiração e orgulho, da nossa parte, e era visitado por gente
de fora.
De tal modo foi importante para o Vale de Santarém que viria a ser
árvore-símbolo para figurar no brasão da vila. Foi também a Junta de Freguesia,
ao tempo sob a presidência de Alfredo Lobato, que obteve a classificação do
Pinheiro das Areias como árvore de interesse público - Diário da República n.º
17, II Série de 21.05.92. Ainda em 2012, a Assembleia de Freguesia do Vale de
Santarém viria a aprovar uma moção, por unanimidade, visando obter da parte das
entidades competentes a devida atenção, pois a árvore corria riscos e não
estavam a ser cumpridas as determinações de protecção das árvores de interesse
público.
O Movimento Ecologista do Vale de Santarém, no mesmo sentido, viria a
criar o movimento SALVEMOS O PINHEIRO DAS AREIAS. Foi lançada uma Petição Pública, tendo-se recolhido muito mais de seiscentas assinaturas, que foram enviadas à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal.
Depois disso, nada tendo sido feito, o Movimento Ecologista ainda entregou um dossier
ao presidente do ICNF, de que nada resultou, já depois de ter contactado o ICNF
de Santarém.
Mesmo depois da perda de uma enorme pernada, com o vendaval de 2016, não deixámos de chamar a atenção da Junta de Freguesia para, nada
tendo sido feito, apesar de tantos alertas (com razões óbvias, como se conclui)
as entidades da tutela terem algo a fazer, face ao que tinha acontecido, de
degradação contínua da árvore.
Hoje é, certamente, um dia triste para os
valsantarenos e muitos outras pessoas que admiravam o histórico Pinheiro das
Areias.
A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém.
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