Ainda não eram nove da manhã e já muitos haviam chegado ao Jardim Público, para a caminhada organizada pelo Grupo de Dadores
Benévolos de Sangue e pelo Movimento Ecologista, duas associações do Vale de
Santarém que, recentemente, começaram a trocar ideias sobre acções envolvendo
pontos comuns das suas actividades.
A defesa da vida das pessoas, através da dádiva de sangue, onde o Grupo de
Dadores tem uma história de muitos anos e de grande relevo na nossa terra,
alia-se à defesa da natureza, do ambiente, afinal a defesa do planeta, uma
urgência que se impõe há décadas, que é imperioso manter e reforçar e que, no
Vale de Santarém, o Movimento Ecologista assume e propõe aos Vale-Santarenos.
Convidar os cidadãos a tomar parte numa jornada em ambiente de natureza,
promovendo o exercício físico, o equilíbrio psicológico, a convivência, o
sentimento de partilha e, por outro lado, ajudar a ver o que, afinal, bem perto
de cada um, nos campos, nos ribeiros e rios anda a ser feito de mal contra a
nossa vida, foi o objectivo que as duas associações quiseram atingir com esta
caminhada.
De modo que, feita a contagem das presenças e olhando para o grupo que se
juntou, desde logo foi possível concluir que havia muito mais participantes do
que no ano passado e, também, que havia caminheiros de todas as idades – desde
bebés de colo e carrinho até pessoas bem para cima dos setenta. E foi pouco depois
das 9 e meia que nos pusemos a caminho, subindo a Rua Manuel Silva Sá e virando
depois para a direita para a estrada de macadame que segue para a guarita,
porém, antes disso, cortámos à esquerda, para a zona que pertence à Conduril, e
que apresenta um aspecto limpo e cuidado.
JÁ A CAMINHO...
Descendo ao sabor dos ziguezagues da estrada, entre oliveiras, pinheiros e
outras árvores, com o sol e o fresco da manhã, sentindo o cheiro intenso da
natureza, cada um com o seu ritmo e embalados pelas conversas que alegremente
nasciam no meio dos grupos que se foram formando, chegámos então à estrada
alcatroada que segue da Póvoa da Isenta para a Ponte de Asseca.
ENTRE OLIVEIRAS, PINHEIROS, SOBREIROS E OUTRAS ÁRVORES, COM O SOL E O CHEIRO DA NATUREZA, A CAMINHO DA PONTE DE ASSECA
Depois foi seguir pelo já conhecido “caminho dos peregrinos”, virar à
esquerda para o leito do rio Maior/Vala, passar por debaixo da Estrada Nacional
3 e continuar pela margem direita do rio, mas não pelo combro, que está cheio
de silvas e ervas altas. Ainda assim, nalguns pontos, foi possível olhar o rio, que na zona da Ponte de Asseca apresentava água de cor bem negra, que vem
da ETAR de Santarém e ali desagua. Água negra, espuma, mau cheiro, uma
situação que se mantém, mesmo depois de, há tempos, a água das chuvas ter melhorado
o aspecto da ribeira que vem da zona do Peso, onde vão parar as águas sujas,
não tratadas, da ETAR, a cargo da Empresa de Águas de Santarém.
NA "PASSAGEM DOS PEREGRINOS" A CAMINHO DA MARGEM DO RIO MAIOR/VALA
Seguiu depois o grupo mais esses quilómetros entre a Ponte de Asseca e a Ponte do
Vale, com os campos da lezíria à esquerda, agora já quase limpos de culturas,
porém com muitos restos, que todos os anos se acumulam, de tubos de rega,
vasilhas e sacos de plástico que são ali deixados, ou seja, poluição nítida, evitável.
NA MARGEM ESQUERDA DO RIO MAIOR/VALA ATÉ À PONTE DO VALE
Chegados à Ponte do Vale foi possível observar a ocupação ilegal que
continua no combro e o mau cheiro, que advém do facto de ali mesmo, a coberto
dos muros da ponte, ser o local para tudo: retrete, vazadouro e outras
serventias poluidoras.
NA PONTE DO VALE...
Dali até ao fim da caminhada foi um instantinho. Encontrámos à direita a
histórica Quinta de Santo António, atravessámos a passagem de nível, virámos
para o lado da estação de caminho-de-ferro, depois continuámos até à Casa
Catela e pela urbanização nova, onde foram feitas fotos de grupo. Fotos onde é
evidente que tivemos um grupo com bebés, meninas e meninos, adolescentes,
adultos e seniores, onde o género feminino foi ligeiramente maioritário.
DA PONTE DO VALE À URBANIZAÇÃO NOVA
Depois de atravessarmos a estrada nacional dirigimo-nos para a estrada de
macadame que nos levou até ao topo norte do Jardim público, onde terminou o
nosso percurso. Era meio-dia e meia, mais ou menos. Entretanto, muitos foram-nos dizendo diversos participantes que é de repetir. Outros disseram-nos que haviam passado por sítios de
que já tinham ouvido falar mas não faziam ideia de onde ficavam. Outros
perguntavam … não podemos repetir para a semana? Conclusão: as pessoas disseram-nos que gostaram
e que estão disponíveis para outras actividades ao ar livre, além de que, no caso
concreto deste percurso, não gostaram de ver a poluição do rio Maior/Vala.
A COLABORAÇÃO DE DUAS ENFERMEIRAS AMIGAS
Terminada a caminhada foi o tempo de entrarem em acção as Enfermeiras Célia Oliveira (que também esteve na caminhada) e Andreia Gomes, que a organização
havia convidado para, numa tenda montada para o efeito no Jardim Público, atenderem quem
quisesse, para medição da tensão arterial, do índice de massa corporal e do nível
de açúcar. Esta acção, logo após o esforço da caminhada, foi reconhecida e
valorizada como importante e oportuna. Teve diversos interessados e, da parte da
organização, é de saudar a disponibilidade das enfermeiras, a quem muito se agradece.
Após a caminhada foi o almoço, no qual participaram muitos dos caminheiros,
mas também outros interessados. O almoço, preparado por uma equipa que ficou a
trabalhar enquanto decorria a caminhada, foi no Jardim Público, com grande
aderência, pelo preço de 5 euros/pessoa.
A finalizar: no geral, a caminha organizada pelo Grupo de Dadores Benévolos
de Sangue e pelo Movimento Ecologista, ambos do Vale de Santarém, decorreu a
contento dos participantes, sendo natural encarar-se que é acção a continuar,
num espírito de participação activa, envolvendo a vontade dos Vale-Santarenos
em seu próprio benefício, nos domínios da saúde, da defesa do ambiente e da
convivência entre gerações, sem distinções de qualquer espécie. É esse o nosso
caminho. Assim faremos.
Movimento Ecologista do Vale de Santarém
A Coordenação
Carlos Vieira – Francisco Nascimento Ferreira – Manuel João Sá.
Uma excelente iniciativa com uma boa adesão, que se repita por muitas décadas, assim as pessoas o queiram!
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